Depois que criei meu blog recebi vários comentários, no próprio blog, pessoalmente, ligações, e-mails, sugerindo que eu devia expor o que eu já tinha escrito, minhas poesias, meus papéis… Deixei passar alguns dias, para ideia assentar e, anteontem à noite, comecei a olhar meus “papéis” e levei um choque tão grande que ainda estou completamente atordoada!!! É claro que eu sabia que tinha pela frente uma batalha hercúlea, mas eu realmente não imaginava que tinha que ler tantas coisas!!!
É óbvio que depois dessa desconcertante descoberta eu vou ter que adiar a publicação dos escritos antigos!! São mais de três décadas de papéis das mais variadas formas. Tem coisas escritas até em saco de pão!!! Um levantamento superficial e me dei conta que vou me divertir muito com essa nova tarefa! Eu não pensava, ao criar esse blog, que viriam com ele tantas coisas juntas!! Eu tenho muitas agendas, cadernos, diários, papéis soltos, cartas, redações e sabe-se lá mais o que, para reler e até decifrar!! Eu tinha a mania de escrever por “códigos”, desenhos, símbolos, colagens, dentre outras ferramentas e qual não foi minha surpresa ao perceber que ainda faço isso até hoje!
Fico pensando em como vou colocar tudo isso em dia!!! Vou ter que apelar para o mantra que criei, através de um bate-papo com minha querida amiga Lidia – Paciência, Foco, Disciplina, Força, Fé e Coragem!! Vou ter repeti-lo inúmeras vezes porque é muuuuuita coisa!! Isso sem falar que vou ter que “me preparar” porque, ao lado das coisas boas e divertidas, sei que virão coisas muito tristes, afinal é a minha vida toda!! Muitas coisas aconteceram, muitas alegrias e tristezas, conquistas e perdas, casos engraçados!! Já gargalhei muito, chorei horrores, senti muitas saudades, foram tantos sentimentos que nem dá para explicar!! Reviver só uma ínfima parte foi tão forte que eu tive que parar!!
Assolada pela miríade de emoções, pensei de Letícia para Letícia, “Em que você foi se meter, menina!? Perdeu a noção?”. Devo confessar que novamente lembrei do meu amigo mais do que especial – “o menino que voa” – que me diz sempre e comentou no meu blog, “apenas escrevo, quando quero, quando posso, quando preciso… Exponha seus sentimentos… Grite, corra, chore, esperneie, xingue, ria muito. Terapia melhor não existe!”.
Ora, se o blog é meu, não sou obrigada a nada. Teoricamente falando, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada! Tudo bem, eu criei um blog, mas não precisa ser uma sangria desatada!! É um blog, não é o meu diário.
Nem imagino quando eu chegar na parte dos conflitos interiores, bem típicos da adolescência! Os desabafos e os devaneios eram realmente intensos porque eu não sei sentir pouco. Dificilmente passei pelas coisas indiferentemente porque sempre fui muito sensível, sensitiva, intensa. Houve épocas em que eu desejei ardentemente ser uma pessoa bem básica, bem cabeça oca, bem superficial. Eu achava que seria bem mais fácil viver se eu não pensasse, questionasse, raciocinasse, não estudasse, não lesse, não fosse tão sensível. O tempo passou e eu vi que não queria mudar nem negar a minha essência, pois além de ser mais fácil, era o que eu sempre quis mesmo!! Eu enterrei muitos sonhos nessa minha jornada, mas criei outros tão bons ou melhores quanto!!!
Para terminar vou postar a primeira poesia que eu criei, depois de assistir a um documentário da escola sobre ecologia. Eu era tão novinha e essa poesia foi toda imaginada, totalmente desvinculada do que eu vivia na época. Eu não poderia em questão dos minutos que levei escrevendo, fazer o tempo passar como se eu tivesse uma máquina do tempo e pudesse avançar os anos. Muitas vezes pensei em atirá-la no lixo por achá-la muito infantil e boba! Agradeço por não ter feito isso, hoje eu a adoro, ela simboliza a sensibilidade e a capacidade de me emocionar perante o mundo, mesmo correndo o risco de parecer piegas!
NATUREZA
Na velha casa de praia
Crianças brincam alegremente
Construindo seus castelos de areia
Observando as ondas indo e vindo, tão cristalinas!
A areia brilhava como ouro
O sol irradiando energia e calor
O céu azul, tão azul!
E o pôr-do-sol no fim de cada tarde…
Tão lindo… O céu riscado de laranja
Paisagem perfeita
Coqueiros cheios de vida
E as brincadeiras de criança,
Passatempo predileto.
E o tempo passou…
Estudamos, crescemos
E voltamos àquela praia…
Triste decepção!
Praia suja e poluída
Areias imundas
Grandes coqueiros sem vida…
Ondas iam e vinham,
Tão cheias de sujeiras
E o céu cinzento…
Voltamos para casa
Tristes, decepcionados…
Encolhida num canto eu chorei.