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Archive for dezembro \16\America/Bahia 2010

DIVERSIDADE

DIVERSIDADE

Quem me conhece sabe que não sou uma pessoa de modismos e oba-oba. Sou o que sou, penso o que penso porque assim o sou ontem, hoje e amanhã e, quando mudo, mudo sempre por um motivo pessoal, objeto de reflexão e não porque está sendo badalado no momento.

Recentemente muito tem se falado a respeito do preconceito contra nordestinos, sobre a homofobia, sobre crimes abomináveis praticados por motivos fúteis, sobre violência em torcidas de futebol, intolerância religiosa e outros atos bárbaros ocorridos e que proliferam como uma epidemia descontrolada. Recuso-me a citar os casos específicos porque isso seria dar mais fama ao que nunca deveria nem ter ocorrido. Não sou partidária do “fale mal, mas fale de mim” porque, se não tenho nada de bom a falar ou a contribuir, fico quietinha no meu canto.

Por outro lado, não posso apenas calar-me diante das atrocidades ocorridas, porque seria pactuar com esse quadro lamentável de retrocesso que vem acometendo nossa sociedade, como uma doença degenerativa que corrói tudo aquilo que foi tão arduamente conquistado.

Não vou questionar o uso de nomenclaturas usadas erroneamente pela mídia e pelas pessoas, muito menos começar a dar uma aula de Direito sobre que crimes foram cometidos pelos violadores das leis. Os órgãos integrantes de nosso ordenamento jurídico farão os devidos enquadramentos e os especialistas em língua portuguesa darão suas contribuições esclarecedoras. Assim espero!

Nunca ouvi tantas opiniões brilhantes nem tantas insanidades num espaço de tempo tão curto! Reações tão díspares uma das outras, mas pude detectar na maioria delas um traço de irracionalidade e distorções que deveriam chamar a atenção de todos, mas que vem passando batido.

Muito tem se falado no apoio a um suposto direito de se ter opiniões homofóbicas, bem como o direito ao repúdio aos nordestinos na região sul/sudeste do país, ou o livre direito de manifestar sua opinião contra o time de futebol rival. Tornou-se comum dizer que o autor era uma pessoa tão tranquila, tão gente boa, ou apresentar justificativas tão desprovidas de razão que nem merecem sequer serem levadas em consideração.

Levantou-se a bandeira da democracia de maneira completamente distorcida do seu real significado. Uns dizem que entendem perfeitamente essas posições, fundamentando sua opinião sob alegações de que as propostas de leis são contra a democracia, proibitivas da manifestação de opinião, que o Estado visaria regular nossos pensamentos, nossa fala, e que deveríamos ser “liberados” para nos expressar de forma politicamente incorreta, ou não, uma escolha nossa. Seríamos nossos árbitros absolutos e soberanos. Alegam que democracia nunca foi harmonia. Apóiam também o suposto direito de instituições e pessoas de livre opinião. Fico pensando se daqui a pouco essas pessoas não estarão defendendo a anarquia como forma ideal de organização sócio-política!

Falando em política, nunca deixo de me surpreender o tempo que os candidatos e seus eleitores “perdem” durante suas campanhas atacando e expondo “podres” dos adversários, esquecendo tudo após o pleito eleitoral e gastando um tempo que deveria ser utilizado com propostas de trabalho embasadas, com previsão de resultados concretos. Antes e depois das eleições o ardor reduz a um quase nada,  como se os “podres” desaparecessem com um vento que passa, levando junto a poeira.

Não vou discorrer longamente sobre o fato inconteste que uma instituição de Educação não pode, por princípio fundamental inerente à sua natureza, propagar preconceitos, um termo antagônico à Educação. Também não é necessário dizer que instituições de ensino deveriam pautar suas ações no RESPEITO às DIVERSIDADES. Democracia nunca foi nem nunca será liberdade absoluta e sim a busca pela harmonia, o RESPEITO às DIVERSIDADES.

Também não vou falar sobre a obrigação dos pais na educação de seus filhos, na transmissão de valores familiares, morais, éticos, religiosos,  na obrigação de estar sempre presente, acompanhando o desenvolvimento, propiciando ambiente saudável, repleto de amor, paz, solidariedade, em ensinar o respeito ao próximo entre tantos valores e sentimentos, o respeito à opinião e à opção alheia e diversa, e que a discordância deve ser uma manifestação pacífica e racional.

Quanto ao preconceito contra os nordestinos, valem também os mesmos argumentos, fruto também da ignorância de pessoas que desconhecem que o valor de uma pessoa não é nem nunca foi medido pela localização geográfica de seu nascimento.

Dizem que não se discute futebol, política ou religião. Discordo veementemente se levarmos em conta o respeito à diversidade. Respeito à diversidade significa respeitar o próximo, manifestar suas opiniões, ouvir opiniões alheias e discordar de forma civilizada e racional e com cortesia.

Responder à violência com violência, seja ela em que modalidade for, não resolverão as situações ou os problemas, quaisquer que eles sejam. Isso seria agir do mesmo modo que agiram aqueles que condenamos. Voltaire disse uma frase que eu gosto muito e que nunca canso de repeti-la “O preconceito é uma opinião não submetida à razão.” Dessa frase podemos inferir que atitudes preconceituosas, sejam elas seguidas de violências físicas ou não, não tem qualquer base racional, devendo ser abolidas.

Voltaire também dizia “Não concordo com uma única palavra do que dizeis, mas defenderei até a morte o vosso direito de dizê-la.” Manifestar opinião é uma coisa, sair na mão, resolver as diferenças no braço ou sair proclamando ofensas e preconceitos é outra completamente diversa.

Ainda na seara do preconceito, devo confessar que não me sinto confortável com rótulos, eles limitam, atrofiam, impedem a liberdade de escolha, de expressão e trata as pessoas como massa sem suas singularidades, diversidades e semelhanças, como se fosse algo totalmente homogêneo ou heterogêneo. É uma qualificação simplista, como se fôssemos mercadorias que devem ser organizadas na mesma prateleira, de acordo com os rótulos designados.

Todos têm o direito a opiniões pessoais, todos têm o DEVER de respeitar o próximo, porque apesar de sermos todos iguais, sem distinção de qualquer natureza, perante à Lei, somos iguais de fato, mesmo sendo diferentes. Não importa a cor da pele, de onde somos, onde vivemos, o que pensamos, o que escolhemos, o que gostamos ou não gostamos, a nossa religião, se temos necessidades especiais decorrentes de restrições/deficiências físicas e/ou mentais, o que somos ou não somos, qual nosso time de futebol, nosso bloco de carnaval, nossa escola de samba… O que importa é o que somos, como agimos, como respeitamos o próximo, mesmo discordando dele!

Alguém já tentou pensar na situação contrária? Como sentiriam os homofóbicos se a situação fosse inversa? Se fôssemos uma sociedade predominantemente homossexual e heterofóbica? Como se sentiriam aqueles que criticam os nordestinos se eles fossem ao Nordeste e lá fossem destratados ou discriminados? O que sentiriam os autores se suas vítimas revidassem da mesma forma? Onde iríamos parar se resolvêssemos tudo na mão grande?

No meu cotidiano, em minhas ações e pensamentos manifesto sempre o meu respeito eterno à DIVERSIDADE em todas as suas formas e conceituações, porque se não assim não o fizesse, estaria negando tudo em que acredito, algo que faz parte da minha essência!

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